09 maio 2016


Um dia, chega a notícia. Aquela pessoa com quem convivemos poucos, mas marcantes dias, e com promessa de mais, partiu. Já não sofre. 
Fica um vazio naqueles períodos incertos do calendário, onde julgávamos que nos reencontraríamos. Fica a sensação de amizade interrompida. O lamento pela partida de quem parecia que faria parte das nossas vidas dali em diante.
As mortes parecem nunca ser esperadas. Mesmo na doença. Mesmo quando tentámos preparar-nos.
Na semana passada, foram duas. Uma do pai duma amiga e esta, duma amiga a 300 quilómetros. Sempre o mesmo legado: isto é tudo a correr. Crescemos, esforçamo-nos a estudar e a trabalhar para termos filhos que crescem a correr. Acarinhamos a correr, sonhamos pouco, fazemos a nossa parte pelos sonhos e perdemos âncoras. Âncoras emocionais. Tudo a correr. Talvez só o sofrimento não corra.
Vivamos. Como aqueles que se casaram pela terceira vez. Como aqueles que hoje completam mais um ano de existência. Como os que agarram o sonho pela coroa e se coroam imperadores do agora, senhores da alegria de estar cá. Legisladores do sorriso. Reis do amor.

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