31 março 2014


Algumas histórias começam já a meio.
A deles era uma dessas.
Se falássemos dum livro, diríamos que as suas narrativas se encontrariam lá pelos capítulos centrais.
A umas páginas duzentas é que se aperceberam que as sua vidas haviam decorrido espartilhadas pelos limites dum criador sem imaginação nem arrojo, para quem a versão final em nada diferia do rascunho. Existências lineares, enredos amorfos onde a centelha do desassossego apaixonado nunca soltara chispas das que conferem magnitude à existência.
Tudo arrumadinho, a vida seguindo os ditames do aval das restantes personagens.
Foi nesse instante que decidiram desobedecer. Soltaram os grilhões que os prendiam ao autor insípido, rebelaram-se contra as opiniões das outras personagens, declararam-se autores da sua própria história.
Escreveram a própria narrativa, de improviso.

O melhor, da sua arrojada aventura, foi aquela sensação de transgressão quase permanente. E o mistério sobre o que estaria para vir…

23 março 2014

O meu poema Campo Lavrado, na voz do Rogério Charraz










CAMPO LAVRADO



Fossem as minhas mãos doces arados


Sulcando o chão que é esse teu cheiro


No húmus destes beijos demorados


E serias campo lavrado por inteiro




Fossem os meus olhos ventania


Estendendo-te no solo de rajada


Num sopro toda eu estremeceria


E já serias vento, e eu nortada




Fosse a minha boca leve semente


Florescendo de manhã no teu olhar


E já o teu sémen no meu ventre


Seria promessa de vida a germinar






Letra de Sofia Barros
Música e interpretação por Rogério Charraz

14 março 2014

"Antes de Sermos Dia" e "Por Amor às Palavras" nas "Noites com Poemas"

Por uma engraçada coincidência de emails, apercebi-me que não tinha publicado aqui a reportagem sobre a última apresentação do meu livro, Antes de Sermos Dia, na Biblioteca de S. Domingos de Rana, no dia 15 de Fevereiro de 2013.
Nessa noite, tive o gosto e o privilégio de ver o Antes de Sermos Dia ser apresentado juntamente com o mais recente livro da minha querida amiga Maria Mamede, Por Amor às Palavras.


Aspecto da sala antes do início da sessão.


A "mesa"


O anfitrião, Jorge Castro, as autoras, Maria Mamede e Sofia Barros, e os editores


Jorge Castro lendo o texto onde conjuga, com a mestria habitual, os títulos de ambos os livros.


Rogério Charraz, cantautor responsável pelos belos momentos musicais que trouxeram mais poesia à noite.


Se me permitem... :-)


 Jorge Castro lendo Soletra-me, um dos poemas de Antes de Sermos Dia


Um serão de sorrisos



No final, as dedicatórias. Aqui, com Tiago Rebelo.

A reportagem de Jorge Castro está no seu blogue, no link

05 março 2014

Detalhe


As folhas de Outono. Uma a uma, vão-se anichando no prato de madeira castanho. Juntas, compõem a imagem da estação caduca, conferindo um tom acolhedor à casa, pequena.
As folha dos livros também são motivo de conversa entre amigos.
As surpresas que a vida revela no tempo certo. As incertezas, não exclusivas do amanhã. Angústias do presente.
O tempo sempre a contar. Ininterruptamente. A descontar-nos futuro.
As nervuras secam, o esqueleto desgasta-se, a seiva vai-se esgotando. Mas a vida é criativa.
Reinventa-se. E não apenas nos enredos de romances ou filmes. Encontra sempre fora de nos pasmar.
E, ainda que a folha permaneça em branco, a história escreve-se nas ripas de madeira castanha, molhadas. No banco onde os amantes enredam mãos e línguas num detalhe perene, porém fugaz. Tão fugaz...


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