31 março 2012

Tela sem fim



Desenho o teu rosto em todos os horizontes,
Acrescento um retoque a uma tela sem fim.
E há um Sol que espreita por detrás dos montes,
Como tu espreitaste a alegria em mim.

Crio árvores e céu, um rio solto na corrente,
Apago todas as aves que abafam a tua voz,
Esboço um voo livre que a memória ainda sente,
De quando o silêncios falavam por nós.

26 março 2012

O meu livro "Antes de Sermos Dia"


está quase a ser publicado.
Aqui fica o convite para o lançamento,
já no próximo dia 15 de Abril.
Se puderem, dêem-me a alegria de viverem comigo este
momento especial e...
tragam um amigo também ;-)

19 março 2012

PAI



Estás numa dimensão não corpórea e eu sinto saudades de nossa dança infantil.
Estás no meu gosto pela leitura, em cada livro que guardo, no mar, nas fotos. E eu tenho saudades de conversar contigo.
Estás nos traços do meu rosto, nos do meu irmão, no gosto do teu neto pelo xadrez, no sentido contestatário da tua neta e em cada um dos muitos outros netos e bisnetos. E a todos fazes falta.
Estás no meu apreço pelo Porto, em cada navio que observo, em cada lembrança das nossas viagens. E eu sinto saudades de descobrir o mundo contigo.
Estás na minha determinação, no livro que estou quase a publicar, no silêncio e no isolamento que tanto aprecio. Mas gostava que ainda estivesses com os meus filhos.
Estás em todas as minhas alegrias, em cada uma das minhas tristezas. E eu sinto falta dos teus conselhos e das tuas críticas.
Não estás visível connosco à mesa no nosso dia do pai. Mas estarás sempre em mim.

11 março 2012


O incisivo central debatia-se com as suas angústias, preso por uma ligação cada dia mais fraca.
Sabia que teria de deixar a boca onde crescera. Ouvira histórias onde lhe chamavam dente de leite, estava consciente de que outro viria tomar o seu espaço, ma não havia forma de ganhar coragem. Abandonar a boca onde sempre vivera? Nã!... Isso de deixar para trás os amigos, as rotinas, aquele fresquinho com sabor a morango que todos os dias experimentava, num ritual de higiene que se repetia quase sempre? Nem pensar!
Sentia-se cada vez menos preso à gengiva, porém cada dia mais preso ao seu espaço de sempre. Sim, definitivamente isso de largar para sempre o que sentia como uma vida confortável e atirar-se para fora de um universo tão familiar, não era para si.
Outros dentes que se fossem embora primeiro. Talvez –talvez!...- se soubesse que tinha amigos já lá fora, e que eles tinham gostado da mudança, se lançasse nessa aventura. Mas não queria ser o primeiro a cair. Porque não haveria de ir um molar ou um canino à frente? Diziam que até era motivo de orgulho, ser o primeiro dente a cair, mas este incisivo dispensava destaques. Não nascera para protagonismos nem para aventuras. Sabia que podia dar azo a uma surpresa da fada dos dentes, mas a coragem não era, decididamente, o seu forte. Só queria continuar ali, no meio dos outros dentes (nem se importava que lhes chamassem “de leite”, o que era um perfeito disparate, então não se viam claramente que todos eles eram bem sólidos?), a trincar maçãs e gelados e a sorrir.
O tempo passava sem que arriscasse a queda.
Um dia, já havia um incisivo lateral a abanar, tal como ele. Agora parecia que todos os seus companheiros faziam apostas sobre qual seria o herói, o primeiro a aventurar-se. A eminente saída de qualquer um tinha-se tornado assunto do dia, à boca fechada. E aberta… O sossego que até então conhecera ameaçava nunca mais voltar. As piadinhas e as provocações tornaram-se o tema forte daquela boca. Enquanto uns insinuavam que o lateral cairia primeiro, outros apostavam que seria o central.
Aquilo já começava a consumi-lo. E ele não se via a si próprio como um medroso… Mas, a manter-se aquele seu receio pelo mundo lá de fora, ia acabar por ser ultrapassado pelo lateral. E isso de ficar para trás era coisa que não sabia se seria boa…
Andaram ali os dois, semanas a fio, abano daqui, abanas dali, mas nenhum dava o salto.
Até que o incisivo central se deu conta que, se se aborrecia com aquele ambiente de “bocas” e sabia da inevitabilidade de ter de sair um dia, então mais valia ser o primeiro. Esperaria pelos companheiros lá for, pronto a servir-lhes de cicerone, olhado com admiração pelos seus pares.
Foi assim que, um dia, a Mafalda acordou e, ao começar o pequeno-almoço, segurou nas pontas dos seus pequenos dedos aquele que seria o primeiro dente para a sua fada dos dentes.

08 março 2012

Dia da Mulher


Mulher, eu sou desde que nasci...
Hoje, precisamente, faz uma década que soube que ia ser mãe, pela primeira vez!
Tenho esse dia tão fresco ainda na memória...

A ansiedade. O momento da espera. A confirmação.
A surpresa. A explosão de alegria.
A comemoração.
A minha vida começou a mudar há 10 anos :-)

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