27 agosto 2011

Despedida


Não me peças mais um dia;
Chegou o momento.
Voam memórias no reino do esquecimento,
Quebram-se asas no céu na fantasia.

Não me peças mais um beijo;
Selei a boca.
A voz, outrora doce, fez-se mouca,
Olho-te e já não é a nós que vejo.

Não me peças mais abraços;
Cheguei ao fim.
A vida despediu-se hoje de mim
Levando sonhos, amores e cansaços.


21 agosto 2011



Todos os dias agradeço à vida os amigos que me trouxe.
Cada ano que somo ao meu percurso, penso na sorte que tenho em poder partilhar com eles uma boa parte dos anos que nos foram dados viver em simultâneo.
Este dia torna-se mais um pretexto para juntar aqueles que há anos me fazem sorrir, me surpeendem, me recebem com um abraço, me dedicam um elogio, me demonstram a sua presença constantemente. Amigos que sabem o valor da ternura, trazem cor aos meus dias sombrios, me acompanham por mensagens, comunicam por imagens, desenvolvem private jokes comigo.
Nem todos estão representados nesta imagem, mas sabemos quem são.
Sem eles a minha vida seria nada.

12 agosto 2011


Fossem as minhas mãos doces arados
Sulcando o chão que é esse teu cheiro
No húmus destes beijos demorados
E serias campo lavrado por inteiro

Fossem os meus olhos ventania
Estendendo-te no solo de rajada
Num sopro toda eu estremeceria
E já serias terra, e eu nortada

Fosse o meu calor leve semente
Florescendo de manhã no teu olhar
E já o teu sémen no meu ventre
Seria promessa de vida a germinar

08 agosto 2011

Confissão


Num cântico suave de adoração
Segurei religiosamente o teu rosário,
Tacteando contas de fé e paixão
Devota, que guardo num relicário.

Segui-te os passos no trilho do andor,
Comunguei contigo em doce oração.
Consagrei ao teu ser todo o meu amor;
Não espero castigo ou absolvição.

Fiz do teu corpo o meu altar sagrado
Assim te adorei, em doce ritual
De puro culto, isento de pecado
Numa fusão muito... espiritual


06 agosto 2011

Aprende-se sentindo


Sei que te amo quando estremeço ao som daquelas canções que me enevoam a consciência.
Sei que te amo sempre que as emoções trazem consigo a sensação do chão a desintegrar-se debaixo dos meus pés e eu, sorriso parvo colado à boca, me sinto bem com isso.
Sei que te amo porque as palavras são nada, à beira das estrelas.
Sei que te amo ao sentir meus os teus gostos. E sonhar os nossos petiscos, juntos na cozinha, as nossas viagens, os nossos desvarios. Ao sonhar-te.
Sei que te amo em cada poro meu que, ao toque, se faz teu. Nesta respiração que é una com a tua, neste olhar que vê em mim a tua casa.
Sei que te amo porque nada é inalcançável. Haverá palavras pronunciadas pela primeira vez, sensações inventadas a dois, momentos desencantados no impossível do tempo voraz.
A mais intensa chuvada não poderia lavar esta certeza de ti em mim.
Sei que te amo porque sinto. Que o amor é feito contigo e para ti.
Sei que te amo.

(foto enviada por um amigo)

04 agosto 2011

Eu queria viver num sonho...

Percebeu que podia desenhar o mundo e reinventar a vida em todas as suas formas. Desenhou sorrisos a todas as crianças, inventou dragões verdes voadores e carinhosos, grandes contadores de histórias, descobriu que os barcos podem voar e desenhou flores coloridas em todos os parapeitos das janelas.

A seguir, traçou  constelações que atapetavam o chão por onde mães e pais caminhavam, com crianças pela mão, a caminho de escolas decoradas com chocolate e rebuçados.
Pintou namorados dançando sob chuvas de flores, reencontros eufóricos de amigos que o tempo afastara, orquestras tocando sinfonias de alegria, cidades com paredes naives e surrealistas, pic-nics campestres sob mantas de ternura.
Desenhou ainda jardins onde piratas haviam, outrora, enterrado arcas com sonhos de ternura à vista de todos. Manhãs de aguaceiros improvisadas numa esplanada à beira-mar, ao som dum gin tónico partilhado por almas siamesas vestidas de algodão doce.
Texto escrito a partir dum comentário (no início, em itálico) que uma amiga deixou numa foto que publiquei aqui, onde ambas sonhamos, acompanhadas por outros sonhadores.

03 agosto 2011


Vira-te para mim, disseste-me.
E eu virei. Sorri. Senti. Beijei. Amei.
Disse-o.
Finalmente, disse-o.
Para, de novo, me calar...

01 agosto 2011



“Porque não pintarmos de novo a vida?"- queria perguntar-te. "Já sei o teu sorriso, não consigo esquecê-lo...”
Mas não posso…
Morri.
Ontem e hoje e em todos os dias em que não te tive, morri mais um bocadinho.
Se vires por aí um espectro, abraça-o. Um abraço dos nossos.
Pode ser que ressuscite…

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