31 outubro 2010

Mordendo a lua

Escrevo e apago. Crio e destruo.

Estou nula de palavras e quase amuo.

Não me agrada o que sai desta névoa de mim.

Queria abrir o coração, mas fico assim…

No céu, a Lua cheia que me incita

- Essa mesma Lua que me grita -

“Deixa-te de mágoas, goza a liberdade!”

E eu, estúpida, a afundar-me em saudade.

Estivesses tu aqui, comigo, mana minha

E outra seria a história desta ladainha

Assobiando juntas mais que o vento,

A conversa voando nas asas do sentimento,

De luz apagada, assomávamos à janela

Espreitando a vida que existe, paralela

À que cá dentro nos atormenta por vezes

Na nostalgia típica dos portugueses.

Mas tu não estás, e eu quedo-me, escutando

Os acordes de piano que se vão libertando

Do cd que me embala a alma vazia, nua

Lembrando a noite em que mordemos a Lua.

(nota: título e foto da autoria de uma amiga)

26 outubro 2010

Parabéns, filho!

Oito anos é tanto tempo, quando se fala de amor!...

(por isso, hoje não escrevo a quente. Prefiro deixar para quando puder fazê-lo de "cabeça fresca"...)

19 outubro 2010

Enquanto honrares a vida

Abraçando os nós que inventas

Saberás que só há dor

E inquietação no que não tentas



Enquanto celebrares a paixão

Em voos rasantes improvisados

Os teus passos guiar-te-ão

Por trilhos ilimitados



Enquanto criares poesia

Em odes de queimar a pele

A alegria será esculpida,

Moldada pelo teu cinzel



Enquanto cantares a saudade

E a souberes gritar assim

Sei que não te deixarás morrer

Antes da hora do fim

16 outubro 2010

Sempre que ali passava, sentia o mesmo apelo premente.
As pontes haviam sido objecto de admiração ao longo da sua vida. Umas mais belas, outras apenas passagens sólidas sem beleza aparente, umas seguramente robustas, outras de aspecto mais delicado mas particularmente convidativo.
Aquela era uma ponte sóbria, bonita, inspiradora.
Nesse dia, parou ali. Não se limitou á observação deleitada, tendo-se aventurado a atravessá-la a pé. Fê-lo na harmonia de quem cumpre o seu propósito interior.
Avançou sentindo cada passo, da mesma forma que sentia cada inspiração. Interiorizando a paisagem que se tornava parte de si, como o ar que lhe oxigenava os pulmões.
De olhar estendido por todo o seu redor, percorreu os últimos metros que a separavam da outra margem e entregou-se ao vinhedo, que a acolheu em tons verdejantes, amarelos dourados e vermelhos nacarados. O tempo desfez-se enquanto tocou cada folha, acariciou cada cacho de uvas e inalou o odor inebriante da terra e da vinha.
Toda aquela obra maravilhosa ao alcance dos seus sentidos, era um momento, apenas isso. Não iria reter-se ali à sua espera e ela tinha consciência disso.
Deixou-se levar pelo sossego da cor, pelo sussurro da aragem, pela textura da Natureza. Folhas, bagas, terra, humidade. E ela.
Por um momento, fundiram-se num instante de vida. Na paz de quem ousou ultrapassar um limite.
Como num acto de amor que nunca se vive igual.

11 outubro 2010

Para 2 amigos

Este é um post dedicado a dois amigos que não costumam acompanhar o Duas Lentes.
São eles a M e o P.
M, como te disse, aqui está o cenário do teu arco-íris. O resto, quem sabe, ...
P, percorres comigo as estradas no nosso dia-a-dia, em conversas que vão percorrendo trajectos tão longos quanto os nossos. Por seres Bridges, aqui tens a ponte que te apaixonou.

06 outubro 2010

Quero amar-te nessa tua serra

Que te acolhe a alegria e a dor mais pura

Viver contigo um cenário de guerra

Que tenha por armas o beijo e a ternura



Quero deitar-me contigo na terra

No assomo de paixão que nos inunda

Fazer-te florescer no húmus que encerra

O travo a desejo que o amor fecunda

01 outubro 2010

Trago-te um sonho

Para poderes fugir à realidade

Sacudires o cansaço enfadonho

Dos dias de tempestade

Um sonho de estrelas, de luas e mares

Onde te percas de tanto navegares

Eis o sonho

Aquele que semeaste

E agora vens colher

A imagem que desejaste

O que ambicionaste ser

Tens aí o sonho

Ao alcance da tua mão

Navegador, príncipe

Ou simples tecelão

De tramas urdidas

Nas memórias vividas

O sonho que pediste

Para voar na pétala duma rosa

Mergulhar na distante nebulosa

Afinal, tão ao jeito de alcançar

Porque a determinação, essencial,

Sei que nunca te irá faltar.

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