Vinte e nove anos decorridos, deu-se o reencontro.
Separadas desde a terceira classe, encontraram-se no parque onde ambas levaram os filhos a brincar num Domingo soalheiro.
Cada uma passara o liceu, a faculdade e grande parte da restante vida sem saber da outra.
Uma perdera a mãe, a outra o pai.
Ambas com casamentos desfeitos, uma com três filhos, outra com dois.
As duas com a mesma centelha no olhar. A que tinham aos oito anos, mas mais brilhante ainda. Brilhante porque o inesperado acontecera. Reconheceram-se, após vinte e nove anos!
E foi tão curta aquela hora!...
Como condensar trabalho, família, percursos, histórias de antigos colegas, enredos com quase três décadas, numa hora? Era pouco, demasiado pouco tempo. A amizade, essa, parecia inalterada pelo tempo. E tudo fluiu, numa azáfama de ideias, apenas entrecortada, aqui e ali, pelos apelos das meninas, as mais pequenas do grupo de filhos.
Trocaram números de telemóveis, sorrisos e projectos. Partilharam esperanças, desabafaram.
Gratas pela felicidade daquela hora, que as remetia à felicidade da infância.
E certas de que esta felicidade seria o elo de ligação para o futuro. Para a vida, que recomeça a qualquer momento.